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Quém é Manuel Beja!

O Ex.mo Sr. Manuel Beja, é o Conselheiro das Comunidades portuguesas na Suíça...

Presidente da Comissão dos Fluxos Migratórios do Conselho Comunidades Portuguesas (CCP).

De seu nome: Manuel Afonso Lourenço Beja

domingo, 28 de outubro de 2018

Manuel Beja e a perda de um grande homem
















































Arquivo revista repórter X



Homenagem da Revista Repórter X ao amigo Manuel Beja, Ex. Conselheiro, Manuel Beja, com Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas na Suíça na intervenção com o Secretário de Estado das Comunidades P...



Homenagem da Revista Repórter X, ao amigo Manuel Beja, ex. Conselheiro das Comunidades portuguesas na Suíça, Presidente da Comissão dos Fluxos Migratórios do Conselho Comunidades Portuguesas (CCP), primeiro Sindicalista Português na Suíça, na última intervenção política em Zurique “Diálogos com a Comunidade”, com o Sr. Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas na Suíça, Dr. José Luís Carneiro que se fez acompanhar dos senhores: 

Sr. Secretário de Estado dos Assuntos fiscais, Dr. António Mendonça Mendes.
Sr. Director - geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas, Dr. Júlio Vilela.
Sr. Presidente Instituto do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, Dr. Luís Faro Ramos.
Representação do Gabinete da Secretária de Estado da Segurança Social, Dra. Elsa Castro.
Sr. Deputado Dr. Paulo Pisco, entre outros.
Sr. Conso, Dr. Licínio Bingre do Amaral do Cônsul-Geral de Portugal em Zurique.
Sra. Dra. Ester Vargas, Adida Social da Embaixada de Portugal.
Sra. Maria de Lurdes Gonçalves, Coordenadora do Ensino Português na Suíça. 
Sr. Adelino Sá, Gazeta Lusófona
Sr. Quelhas, Revista Repórter X


“Quero desejar as boas vindas aos membros do governo aqui em Zürich, desejar-lhes boa sorte neste tipo de reuniões, e dizer que é a primeira vez em cinco décadas como emigrante neste país, que vejo uma mesa tão bem representada, com membros do governo, a tentar falar com os portugueses aqui na cidade de Zürich, e também por toda a Suíça nas zonas onde passaram. Portanto, é uma iniciativa que louvo, que espero que seja realmente produtiva, e que as mensagens que nós deixamos aqui, possam ser ditas lá em Portugal. Quero dizer que é importante que a central de telefones da segurança social funcione melhor, porque muitos dos problemas que os portugueses têm aqui com Portugal e com a Segurança Social, estão ligados aos problemas telefónicos da mesma. Por isso, era bom que a central fosse renovada, e colocassem realmente um sistema mais eficiente nas respostas.

Senhor secretário de estado das comunidades, os portugueses na Suíça são bons pagadores de impostos, pagamos impostos por obrigação, é o nosso dever, mas há uma questão muito delicada, depois de décadas de trabalho na Suíça, pretendemos regressar a Portugal, e vamos com as nossas reformas, e ao chegar a Portugal, essas nossas reformas que nós pensamos que será uma reforma digna para que possamos usufruir dela, mas existem valores que nos impedem de regressar a Portugal, porque pertencemos ao sexto/sétimo escalão do IRS, e se eu regressar a Portugal terei que pagar 45% da minha reforma como impostos, ou seja quase metade, e realmente passei quase toda a minha vida na emigração, a trabalhar e a pagar para ter a tal reforma digna, e agora quando regressar a Portugal vão tirar-me praticamente metade, não me parece interessante.
É claro que há formas de dar a volta a esta situação, nós sabemos que elas vão ser praticadas, que estão a ser feitas, mas nós queremos cumprir com a legalidade, queremos ir para Portugal, pagar os nossos impostos como devem ser pagos, mas esta taxa de 45%, como é o meu caso e outros que estão aqui nesta sala, é demasiado elevado.

Quando fui conselheiro das comunidades portuguesas, apresentei este caso lá em Lisboa, houve uma reunião entre a Direcção geral dos assuntos fiscais e a Direcção geral dos assuntos consulares, na qual eu estive presente, há cerca de 3 anos, para discutir esse problema. A situação foi apresentada e ainda continuamos à espera de uma resposta. Portanto, não sei se seria possível, pois consta, não tenho certeza, que os quadros das multinacionais em Portugal, pagam apenas um valor de 20% sobre os seus salários.”

Reportagem: Quelhas
Redactor: Patrícia Antunes
Revisão editorial: Sociólogo político
Dr. José Macedo de Barros


Faleceu Manuel Beja; Conselheiro das Comunidades portuguesas na Suíça, Presidente da Comissão dos Fluxos Migratórios do Conselho Comunidades Portuguesas (CCP).

Condolências à família e amigos
 01-10-2018

Faleceu Manuel Beja.

“Sei que muitos portugueses não estão a ter uma vida fácil na Suíça” “Não creio que exista um futuro para o movimento associativo. O que vai existir são grupos de interesses privados”.









































Nota de pesar:
O Ex. mo Sr. Manuel Afonso Lourenço Beja, natural de Alcobaça, Leiria, foi durante muitos anos o Conselheiro das Comunidades portuguesas na Suíça, Presidente da Comissão dos Fluxos Migratórios do Conselho Comunidades Portuguesas (CCP).

É com grande tristeza que publicamos a notícia do seu falecimento, ele que partiu deixando-nos muitas lições de vida, amizade, associativismo, profissionalismo, ética e humanidade.
As palavras que vamos transcrever aqui, são praticamente as últimas que o nosso admirável amigo citou junto dos políticos e da sociedade, que sempre o admirou, principalmente os nossos emigrantes na Suíça.


Ex. Conselheiro, Manuel Beja, com Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas na Suíça. (vídeo)

A última intervenção pública e política em Zurique de Manuel Beja, ex. Conselheiro das Comunidades portuguesas na Suíça, Presidente da Comissão dos Fluxos Migratórios do Conselho Comunidades Portuguesas (CCP).

https://www.youtube.com/watch?v=o6a6bYKmps8

“Quero desejar as boas vindas aos membros do governo aqui em Zürich, desejar-lhes boa sorte neste tipo de reuniões, e dizer que é a primeira vez em cinco décadas como emigrante neste país, que vejo uma mesa tão bem representada, com membros do governo, a tentar falar com os portugueses aqui na cidade de Zürich, e também por toda a Suíça nas zonas onde passaram. Portanto, é uma iniciativa que louvo, que espero que seja realmente produtiva, e que as mensagens que nós deixamos aqui, possam ser ditas lá em Portugal. Quero dizer que é importante que a central de telefones da segurança social funcione melhor, porque muitos dos problemas que os portugueses têm aqui com Portugal e com a Segurança Social, estão ligados aos problemas telefónicos da mesma. Por isso, era bom que a central fosse renovada, e colocassem realmente um sistema mais eficiente nas respostas.

Senhor secretário de estado das comunidades, os portugueses na Suíça são bons pagadores de impostos, pagamos impostos por obrigação, é o nosso dever, mas há uma questão muito delicada, depois de décadas de trabalho na Suíça, pretendemos regressar a Portugal, e vamos com as nossas reformas, e ao chegar a Portugal, essas nossas reformas que nós pensamos que será uma reforma digna para que possamos usufruir dela, mas existem valores que nos impedem de regressar a Portugal, porque pertencemos ao sexto/sétimo escalão do IRS, e se eu regressar a Portugal terei que pagar 45% da minha reforma como impostos, ou seja quase metade, e realmente passei quase toda a minha vida na emigração, a trabalhar e a pagar para ter a tal reforma digna, e agora quando regressar a Portugal vão tirar-me praticamente metade, não me parece interessante.
É claro que há formas de dar a volta a esta situação, nós sabemos que elas vão ser praticadas, que estão a ser feitas, mas nós queremos cumprir com a legalidade, queremos ir para Portugal, pagar os nossos impostos como devem ser pagos, mas esta taxa de 45%, como é o meu caso e outros que estão aqui nesta sala, é demasiado elevado.

Quando fui conselheiro das comunidades portuguesas, apresentei este caso lá em Lisboa, houve uma reunião entre a Direcção geral dos assuntos fiscais e a Direcção geral dos assuntos consulares, na qual eu estive presente, há cerca de 3 anos, para discutir esse problema. A situação foi apresentada e ainda continuamos à espera de uma resposta. Portanto, não sei se seria possível, pois consta, não tenho certeza, que os quadros das multinacionais em Portugal, pagam apenas um valor de 20% sobre os seus salários.”

Durante muitos anos, Manuel Beja viveu os seus problemas e os problemas da comunidade portuguesa na Suíça, tal como podemos constatar no texto transcrito anteriormente.

A Revista Repórter X e toda a equipa que a compõe, deseja as maiores condolências a toda a família e amigos.

Director: Quelhas
Conselheiro: Pedro Nogueira
Revisão editorial, Sociólogo político:
Dr. José Macedo de Barros
Redactor: Patrícia Antunes
Ajuda Técnica, Sofia Oliveira
Correspondente: Maria Kosemund



















Manuel Beja esteve presente no lançamento dos meus livros `Quelhas´: “O Livro da Criança e Terra das Marias da Fonte”. Esteve ainda nos Serões Culturais. Tivemos alguns encontros no qual reunimos para falar sobre a Comunidade. Participou algumas vezes na Revista Repórter X.
(Já conhecia o Manuel Beja, mesmo antes de emigrar para a Suíça).
Em agradecimento fiz-lhe um Blogue, que agora vou tentar remodelar em honra de Manuel Beja, homem, que fica para a história da Comunidade Portuguesa na Suíça.

“Divulgar a língua e cultura portuguesa fora de Portugal é sempre de louvar.
É bom que os nossos escritores se aproximem mais das comunidades.
Esse elo de ligação deseja-se se queremos colocar a nossa língua no plano que ela merece estar no mundo.
Obrigado João Carlos Veloso por esta passagem em Zurique.

Manuel Beja – Conselheiro das
Comunidades portuguesas na Suíça
Zurique O8-12-2007”



























segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Morreu sindicalista e ex-conselheiro das comunidades na Suíça Manuel Beja

Morreu sindicalista e ex-conselheiro das comunidades na Suíça Manuel Beja

o sindicalista e ex-conselheiro das comunidades na Suíça Manuel Beja morreu no sábado, aos 73 anos, vítima de uma pneumonia, disse hoje à Lusa um dos membros do Conselho das Comunidades Portuguesas.

(Foto de arquivo na APZ Associação Portuguesa de Zurique, entrevista com Quelhas)


Segundo Domingos Augusto Ramalho, "a comunidade portuguesa na Suíça perdeu um grande mentor, um ativista carismático, uma referência para todos".
Por seu lado, o diretor do jornal "Gazeta Lusófona", Adelino Sá, considerou que "morreu um homem bom, um homem de caráter, que esteve sempre ao lado de quem necessitava, incapaz de ser indiferente às injustiças no mundo do trabalho, que lutou pelas liberdades e contra os interesses instalados".
"Muitos hão de recordá-lo apenas como o primeiro sindicalista português na Suíça, mas foi muito mais do que isso. Foi um grande amigo, mas também um impulsionador do nosso jornal. Encorajava-me repetidamente a manter este projeto, queria que abordasse todos os assuntos da nossa comunidade", considerou.
Por seu lado, Augusto Ramalho, um amigo que vive em Zurique, referiu que Manuel Beja era um líder "sempre pronto a escutar, capaz de refletir antes de se pronunciar, bem informado nas suas argumentações".
"O Manuel marcou a história vida das lutas por direitos laborais da comunidade portuguesa nos últimos 40 anos na Suíça, todos os emigrantes portugueses da nossa geração o conhecem", lembrou a também sindicalista Conceição Belo.
Segundo Conceição Belo, o empenho de Manuel Beja na luta por melhores condições laborais não se limitava aos trabalhadores de origem portuguesa: "Bateu-se sempre por todos e por isso é recordado noutras comunidades".
A sindicalista recordou que Manuel Beja participou na luta por uma reforma antecipada no setor da construção civil ou pelo fim discriminatório do estatuto de sazonal, que durante muitos anos dividiu muitas famílias portuguesas, pois os homens só tinham contratos de nove meses, os filhos não podiam frequentar a escola e o acesso ao mercado de trabalho estava barrado às mulheres.
"Incansável, um exemplo admirável para todos aqueles que se identificam com os ideais do associativismo, que infelizmente hoje atravessa uma enorme crise", disse Domingos Augusto Ramalho, ressalvando que o trabalho desenvolvido por Manuel Beja nestes mais de 40 anos na Suíça foi feito à custa da sua vida privada e da sua saúde.
"Nas deslocações pela Suíça, quando organizava debates informativos nas associações portuguesas, pagava do bolso dele, fazia tudo pelo bem das pessoas", lembrou ainda Conceição Belo, acrescentando que "quando a crise obrigou os portugueses a sair do país em 2009-2010, Manuel Beja andava pelas ruas de Zurique à procura daquelas famílias que viviam com as crianças no automóvel, ajudava, encorajava".
O sindicalista chegou à Suíça em 1971, tendo saído de Portugal para não cumprir o serviço militar.
Manuel Beja nasceu a dia 24 de fevereiro de 1944, em Alcobaça, onde se realiza o velório, na quinta-feira.

Morreu o Manuel Beja

Morreu um amigo e um impulsionador do nosso jornal. Morreu o primeiro sindicalista português na Suíça e que deu a cara por muitas lutas pela comunidade portuguesa. O Manuel Beja foi um homem que defendeu sempre as suas ideias e convicções. Um homem de esquerda que esteve sempre ao lado de quem necessitava e de quem sentia na pele as injustiças no mundo do trabalho. Militante do PCP e membro ativo da ODN (Organização da Direção Nacional do Partido Comunista Português na Suíça). Um homem que defendeu sempre com grande firmeza a sua Associação Portuguesa de Zurique, a APZ. A APZ era a sua segunda casa e nutria uma enorme paixão por esta coletividade. Aliás, sentia com enorme pesar o desmantelamento do movimento associativo português na Suíça. Mas, foi nesta coletividade que falei com o Manuel há cerca de mês e meio. Voltei a falar ao telefone com o Manuel quando saiu do hospital em Portugal, há cerca de 4 semanas, quando me disse que tinha tido uma pneumonia. O nome do Manuel Beja irá estar sempre associado ao nosso jornal, dado que apoiou sempre a ideia de um jornal com o nosso perfil e que abordasse apenas temas da nossa comunidade. Foi ator principal em imensas peças jornalísticas, como nos concedeu uma entrevista há pouco mais de um ano. A sua preocupação era sempre o bem-estar dos portugueses, dado que ele sabia das imensas injustiças e discriminações que muitos dos nossos conterrâneos sofriam (sofrem) em terras helvéticas. Especialmente aqueles que não têm uma grande formação, ficando à mercê de todas as situações, que por vezes não são tão claras. Ele sabia e lutou sempre por uma informação direta e transparente. Fui testemunha das imensas sessões de esclarecimento que realizou um pouco por toda a Suíça, alertando os mais incautos e disponibilizando-se sempre em ajudar. Um homem que muitas vezes não foi bem compreendido levando-o a sair da vida sindical com alguma tristeza. O Manuel Beja queria continuar a estar presente e a ser uma mais-valia como foi durante décadas. Um homem que foi o fiel interlocutor da comunidade portuguesa da Suíça junto da imprensa e das instituições. Foi Conselheiro das Comunidades, fez parte do Conselho da Europa, e foi o promotor de grandes debates junto da nossa comunidade. O Manuel Beja falou-me há meses que tinha chegado o tempo de escrever as suas memórias. Honestamente não sei se chegou a fazê-lo ou não. Espero, muito sinceramente, que o tenha feito e que a família nos possa dar a conhecer o seu conteúdo, porque temos a certeza de que são um testemunho vivo, real, pragmático, histórico, da vida dos portugueses nos últimos 40 anos na Suíça. As lutas em que participou por uma reforma antecipada no setor da construção civil, pelo fim discriminatório do estatuto de sazonal que dividiu muitas famílias portuguesas durantes anos, os esclarecimentos fiscais, esta foi uma luta inglória com as autoridades portuguesas, dada a falta de transparência e a falta de informação quando o acordo assinado sobre as contas financeiras por parte da Secretaria de Estado Portuguesas, em que simplesmente não informaram nada. Muitas outras preocupações fizeram sempre parte das ideias e dos ideais do Manuel Beja. Morreu um homem bom. Morreu um homem de carácter e que amava o seu país. Morreu um homem que muitos recordarão apenas como o “Sindicalista”, mas na verdade ele foi muito mais do que isso. Morreu um homem que lutou pelas liberdades e contra os interesses instalados. Um comunicador nato, não era difícil de encetar uma conversa com o Manuel Beja. Vivia entre a cidade de Zurique e Alcobaça, a sua terra natal. Homem da Rádio, com o Espaço Português na Rádio Lora em Zurique e Comendador com a Ordem de Mérito, felizmente um reconhecimento que lhe foi atribuído há uns anos pelo governo português. Nasceu no dia 24 de fevereiro de 1944 em Alcobaça e foi estudante-trabalhador e teve como professor o Zeca Afonso. Morreu no dia 29 de setembro aos 73 anos de idade em Portugal. Por sua expressa vontade, o seu corpo será cremado e cerimónias fúnebres muito restritas apenas à sua família. À sua esposa Catarina, ao filho Francisco e ao irmão Luís, como demais família, os meus sinceros pêsames. O nosso jornal perdeu um amigo e um incondicional apoiante e leitor.
A. Sá

MANUEL BEJA vive (u) os problemas da comunidade



Faleceu Manuel Beja, Ex. Conselheiro das Comunidades portuguesas na Suíça

(Foto de arquivo na Luso Livro, apresentação d´O Livro da Criança: Esquerda Quelhas, director Revista Repórter X. Meio Manuel Beja, Ex. Conselheiro das Comunidades portuguesas na Suíça. Direita, António Antas de Campos, Ex. Conso de Zurique)



















MANUEL BEJA vive (u) os problemas da comunidade

“Sei que muitos portugueses não estão a ter uma vida fácil na Suíça” “Não creio que exista um futuro para o movimento associativo. O que vai existir são grupos de interesses privados”.
Mesmo afastado do mundo sindical, porque o Manuel Beja está reformado, acompanha bem de perto os problemas da comunidade. O Manuel Beja foi o primeiro sindicalista português e durante muitos anos foi uma voz ativa no seio da comunidade portuguesa. Critico, um acérrimo defensor dos seus ideais e dos valores que acredita que servem para que a sociedade seja melhor e mais solidária. Mesmo afastado do Sindicato e do Conselho das Comunidades, continua atento a tudo que diga respeito à comunidade portuguesa que vive na Suíça.

- Estás afastado das lides sindicais, dado que estás reformado, mas acompanhas ainda os problemas da comunidade portuguesa?
Manuel Beja – Eu vivo os problemas da comunidade portuguesa. Claro que acompanho à distância, mas com uma enorme preocupação. O passado é passado, vivi uma situação que me deixou muito satisfeito aquando do processo da integração da comunidade na Suíça, quando terminou o estatuto sazonal, mas nos dias de hoje as coisas mudaram, infelizmente. Sinto que existe uma maior precaridade nos dias de hoje, e muito pouca disponibilidade de as pessoas colaborarem com o mundo associativo.

- O que é que mais te preocupa?
Manuel Beja – Bem, estou numa situação em que já entrei na terceira fase da vida. Esta terceira fase da vida dá muito para pensar. Um dos assuntos que realmente preocupa é a situação dos pensionistas portugueses. Muitos gostariam de ir para Portugal gozar a sua reforma, muitas sem serem valores elevados, mas muitos não o fazem, porque Portugal é pouco sensível e fecha as portas a todas estas pessoas, que investiram uma vida no país, e que estão sujeitos a uma carga fiscal desproporcionada a quem nunca fez nada, mesmo nada, pelos seus filhos emigrantes. Portugal, para com os emigrantes, procedeu sempre com uma política de hipocrisia e de cinismo. Concedem muitos benefícios aos estrangeiros que desejam radicar-se em Portugal, mas ainda não encontraram uma solução para os emigrantes reformados que desejam radicar-se em Portugal.

 - Pensas que existe má vontade política?
Manuel Beja – Penso que há medo. Medo das pessoas, medo de assumir uma posição e medo do poder do capital. Porque na realidade o problema, como é o meu, dado que estou reformado e tenho a residência na Suíça, penso que se poderia conseguir uma solução equilibrada e justa, porque Portugal nunca contribuiu em nada para a minha situação e não é o país que me paga a minha reforma. Porque as cargas fiscais que Portugal aplica a todos os cidadãos portugueses, como é evidente, como a nós que um dia desejamos regressar em definitivo, são taxas exageradas e desproporcionais a quem nunca contribuiu e nada fez pelo nosso bem-estar. Seria aceitável Portugal encontrar uma taxa que fosse ao encontro do que as pessoas pagariam nos países de acolhimento.

- Mas existe um decreto-lei que isenta os portugueses por um período de 10 anos?
Manuel Beja – Conheço essa lei, sei que existe, mas, no entanto, essa lei não é clara e não é totalmente abrangente e precisa. E não é clara que se fique totalmente isento de impostos. Tem de haver uma política clara e um decreto que vá direcionado apenas para os portugueses que viveram e recebam reformas de um outro estado-membro, o que não é o caso. No meu caso, com a minha reforma, eu pagaria uma taxa fiscal de 45% em Portugal. Na Suíça pago 11%. Na minha situação existem milhares de portugueses, não só os que trabalharam na Suíça, como aqueles da França, Alemanha, Luxemburgo e todos os demais.

- Não será que se vive uma certa hipocrisia quando se evoca a política da saudade, do investimento e, quando é para esclarecer e clarificar uma situação, ninguém faz nada?
Manuel Beja – Sabes, o problema é que o Estado não tem interesse em nos ouvir. Este problema já foi levantado há muitos anos, e até à data ninguém nos quis ouvir. Nem querem. Sabes, eles evocam que todos os portugueses têm de estar em pé de igualdade. Acho muito bem. Mas a verdade é que estou fora de Portugal há mais de 40 anos e, se passar a minha morada fiscal para lá, mais de um 1/3 da minha reforma vai para os cofres de Portugal, tirando-me capacidade e alguma dignidade a uma qualidade de vida para qual eu trabalhei num outro Estado, e que Portugal nunca contribuiu. Como tal, seria mais justo encontrar uma taxa que fosse ao encontro do que se paga no país de acolhimento. Eu investi algo em Portugal, mas muitos portugueses investiram todo o seu suor na sua terra. E agora? Proporcionaram riqueza, proporcionaram bem-estar pelos seus investimentos, muitos até substituíram o Estado português ao ajudarem os seus familiares, e agora? Se recebes 3 mil, tens de deixar mil aos cofres do Estado. Com este decreto-lei em vigor não vamos a lado nenhum.
  
- Nunca a comunidade atingiu os números atuais, somos perto de 280 mil na Suíça. Como vês esta evolução?
Manuel Beja – Apesar da livre circulação de pessoas, a verdade é que sinto a comunidade muito mais insegura do que antes. No estatuto sazonal, sabíamos que era um estatuto discriminatório, tinhas as suas regras, mas sabíamos com o que poderíamos contar, neste momento estamos a viver uma insegurança, porque muitas das pessoas vivem na precariedade dos trabalhos a prazo e na dificuldade em encontrar o alojamento, que muitos por vezes não podem pagar, porque não têm um posto de trabalho estável. Depois, os ditos trabalhos à hora, em que os patrões se servem da disponibilidade destas pessoas, que ficam reféns de as chamaram ou não. Estou a falar do setor das limpezas, como exemplo. Existem outros. Como tal, existe uma precariedade e sei que muitas pessoas vivem com extrema dificuldade, até porque o preço dos alojamentos, o aluguer das casas, estão por preços exorbitantes, depois ainda se tem de somar o seguro médico. Sei que muitos portugueses não estão a ter uma vida fácil na Suíça. Tudo isto é um problema acrescido para uma plena integração das famílias portuguesas na Suíça. Também é verdade que a comunidade não se mobiliza como há uns anos. Por muito que se possa apontar o dedo aos Sindicatos, falo de todos os Sindicatos, as pessoas devem acreditar no trabalho destes, porque se muito foi conseguido nos últimos anos, estou a falar, por exemplo, no setor da hotelaria, da construção, este último com a reforma antecipada, aos 60 anos, uma grande vitória sindical, o setor das limpezas que tem agora um contrato coletivo, fraco, mas existe uma base de trabalho, tudo isso foi conseguido com o movimento Sindical. Se as pessoas que chegam agora à Suíça encontram algumas regras e benefícios, mas claro está que muito ainda se pode fazer, foi graças aos Sindicatos, e muitas delas agora afastam-se, o que é uma pena e uma injustiça pelo trabalho realizado. Claro que sei que há falhas, mas temos de ver o que de bom foi conseguido graças ao trabalho Sindical. E uma base de apoio e de mobilização passa pelos Sindicatos.

- E o movimento Associativo?
Manuel Beja – Está moribundo e em fase de desaparecer. Esta é a realidade. Muito poucas coletividades respeitam os valores associativos. Futuro? Não creio que exista um futuro para o movimento associativo. O que vai existir são grupos de interesses privados.

Artigo: Adelino Sá - Gazeta Lusófona


domingo, 30 de setembro de 2018

O alcobacense Manuel Beja faleceu, na madrugada deste domingo, com 73 anos.

(foto de Arquivo revista repórter X na na última intervenção política em Zurique “Diálogos com a Comunidade”, com o Sr. Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas na Suíça, Dr. José Luís Carneiro que se fez acompanhar dos senhores: 
Sr. Secretário de Estado dos Assuntos fiscais, Dr. António Mendonça Mendes.
Sr. Director - geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas, Dr. Júlio Vilela.
Sr. Presidente Instituto do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, Dr. Luís Faro Ramos.
Representação do Gabinete da Secretária de Estado da Segurança Social, Dra. Elsa Castro.
Sr. Deputado Dr. Paulo Pisco, entre outros.
Sr. Conso, Dr. Licínio Bingre do Amaral do Cônsul-Geral de Portugal em Zurique.
Sra. Dra. Ester Vargas, Adida Social da Embaixada de Portugal.
Sra. Maria de Lurdes Gonçalves, Coordenadora do Ensino Português na Suíça. 
Sr. Adelino Sá, Gazeta Lusófona
Sr. Quelhas, Revista Repórter X










O alcobacense Manuel Beja faleceu, na madrugada deste domingo, com 73 anos. 
Natural de Chiqueda, o antigo conselheiro das comunidades portuguesas na Suíça lutava contra um cancro. Nos últimos anos, Manuel Beja era presidente da Assembleia Geral da Associação Azenhas de Chiqueda.
A vida do alcobacense ficou marcada pela defesa dos direitos dos emigrantes, quer como sindicalista, quer como conselheiro das comunidades portuguesas na Suíça durante três décadas. Essa sua dedicação valeu-lhe a comenda da Ordem de Mérito, atribuída em 2007 pelo Presidente da República.

É com grande pesar que a CGTP-IN informa que faleceu o camarada Manuel Beja.

É com grande pesar que a CGTP-IN informa que faleceu o camarada Manuel Beja.
(Foto de arquivo na Arca de Regensdorf no lançamento do livro: Terra das Marias da Fonte ou fontanário, história com histórias, do autor povoense, Quelhas)









Nasceu em Alcobaça, tendo começado a trabalhar aos 11 anos de idade. Foi, desde muito jovem, um tenaz opositor à ditadura fascista. Perseguido pela PIDE, exilou-se primeiro em Paris, depois na Holanda e finalmente, em Abril de 1971, em Zurique, na Suíça. Desde a primeira hora do seu exílio que se dedicou à causa dos Portugueses na emigração. Volta a Portugal para celebrar o 25 de Abril de 1974 mas regressa de novo à Suíça.
Em Zurique e, com outros companheiros, esforça-se por alargar as raízes do Movimento Associativo Português na Suíça e em toda a Europa. Manuel Beja foi, durante 3 décadas, Secretário Sindical, responsável pela mão-de-obra portuguesa, no sindicato Unia, membro do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas, da direcção da Comissão dos Estrangeiros do Cantão de Zurique e da Comissão Nacional de Migração da União dos Sindicatos Suíços. Fez parte de outras comissões de defesa dos trabalhadores emigrantes a nível nacional e europeu.
Manuel Beja foi um destacado lutador pelos direitos, interesses e aspirações dos Portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro. Em reconhecimento de uma vida de inteira dedicação, a Presidência da República concedeu a Manuel Beja a comenda da Ordem do Mérito.
Manuel Beja participou, como delegado dos trabalhadores portugueses no estrangeiro, em vários Congressos da CGTP-IN.
Neste momento de tristeza, a CGTP-IN transmite as suas mais sentidas condolências à sua família, amigos e camaradas.
Lisboa, 3 de Outubro de 2018-10-03
Comissão Executiva
Condolências à família e amigos Faleceu Manuel Beja. 


 “Sei que muitos portugueses não estão a ter uma vida fácil na Suíça” 


“Não creio que exista um futuro para o movimento associativo. O que vai existir são grupos de interesses privados”. 

Nota de pesar: O Ex. mo Sr. Manuel Beja, foi durante muitos anos o Conselheiro das Comunidades portuguesas na Suíça… Presidente da Comissão dos Fluxos Migratórios do Conselho Comunidades Portuguesas (CCP). De seu nome: Manuel Afonso Lourenço Beja. Natural de Alcobaça, Leiria. É com todo pesar que vimos trazer a triste notícia do falecimento de nosso querido amigo. Ele parte deixando-nos muitas lições de vida, amizade, associativismo, profissionalismo, ética e humanidade. 


Quelhas, Director, Revista Repórter X




















NOTA BREVE: Manuel Beja esteve presente no lançamento dos meus livros `Quelhas´: “O Livro da Criança e Terra das Marias da Fonte”. Esteve ainda nos Serões Culturais. Tivemos alguns encontros no qual reunimos para falar sobre a Comunidade. Participou algumas vezes na Revista Repórter X. (Já conhecia o Manuel Beja, mesmo antes de emigrar para a Suíça). Em agradecimento fiz-lhe um Blogue, que agora vou tentar remodelar em honra de Manuel Beja, homem, que fica para a história da Comunidade Portuguesa na Suíça. “Divulgar a língua e cultura portuguesa fora de Portugal é sempre de louvar. É bom que os nossos escritores se aproximem mais das comunidades. Esse elo de ligação deseja-se se queremos colocar a nossa língua no plano que ela merece estar no mundo. Obrigado João Carlos Veloso por esta passagem em Zurique. Manuel Beja – Conselheiro das comunidades portuguesas na Suíça Zurique O8-12-2007”

Faleceu Manuel Beja.



Condolências à família e amigos

Faleceu Manuel Beja.

“Sei que muitos portugueses não estão a ter uma vida fácil na Suíça” “Não creio que exista um futuro para o movimento associativo. O que vai existir são grupos de interesses privados”.


Nota de pesar:

O Ex. mo Sr. Manuel Beja, foi durante muitos anos o Conselheiro das Comunidades portuguesas na Suíça… Presidente da Comissão dos Fluxos Migratórios do Conselho Comunidades Portuguesas (CCP). De seu nome: Manuel Afonso Lourenço Beja. Natural de Alcobaça, Leiria.

É com todo pesar que vimos trazer a triste notícia do falecimento de nosso querido amigo. Ele parte deixando-nos muitas lições de vida, amizade, associativismo, profissionalismo, ética e humanidade.

Quelhas, Director, Revista Repórter X

O ARTIGO A SEGUIR É DE ADELINO SÁ - GAZETA LUSOFONA

MANUEL BEJA vive (u) os problemas da comunidade

“Sei que muitos portugueses não estão a ter uma vida fácil na Suíça” “Não creio que exista um futuro para o movimento associativo. O que vai existir são grupos de interesses privados”.
Mesmo afastado do mundo sindical, porque o Manuel Beja está reformado, acompanha bem de perto os problemas da comunidade. O Manuel Beja foi o primeiro sindicalista português e durante muitos anos foi uma voz ativa no seio da comunidade portuguesa. Critico, um acérrimo defensor dos seus ideais e dos valores que acredita que servem para que a sociedade seja melhor e mais solidária. Mesmo afastado do Sindicato e do Conselho das Comunidades, continua atento a tudo que diga respeito à comunidade portuguesa que vive na Suíça.

- Estás afastado das lides sindicais, dado que estás reformado, mas acompanhas ainda os problemas da comunidade portuguesa?
Manuel Beja – Eu vivo os problemas da comunidade portuguesa. Claro que acompanho à distância, mas com uma enorme preocupação. O passado é passado, vivi uma situação que me deixou muito satisfeito aquando do processo da integração da comunidade na Suíça, quando terminou o estatuto sazonal, mas nos dias de hoje as coisas mudaram, infelizmente. Sinto que existe uma maior precaridade nos dias de hoje, e muito pouca disponibilidade de as pessoas colaborarem com o mundo associativo.

- O que é que mais te preocupa?
Manuel Beja – Bem, estou numa situação em que já entrei na terceira fase da vida. Esta terceira fase da vida dá muito para pensar. Um dos assuntos que realmente preocupa é a situação dos pensionistas portugueses. Muitos gostariam de ir para Portugal gozar a sua reforma, muitas sem serem valores elevados, mas muitos não o fazem, porque Portugal é pouco sensível e fecha as portas a todas estas pessoas, que investiram uma vida no país, e que estão sujeitos a uma carga fiscal desproporcionada a quem nunca fez nada, mesmo nada, pelos seus filhos emigrantes. Portugal, para com os emigrantes, procedeu sempre com uma política de hipocrisia e de cinismo. Concedem muitos benefícios aos estrangeiros que desejam radicar-se em Portugal, mas ainda não encontraram uma solução para os emigrantes reformados que desejam radicar-se em Portugal.

- Pensas que existe má vontade política?
Manuel Beja – Penso que há medo. Medo das pessoas, medo de assumir uma posição e medo do poder do capital. Porque na realidade o problema, como é o meu, dado que estou reformado e tenho a residência na Suíça, penso que se poderia conseguir uma solução equilibrada e justa, porque Portugal nunca contribuiu em nada para a minha situação e não é o país que me paga a minha reforma. Porque as cargas fiscais que Portugal aplica a todos os cidadãos portugueses, como é evidente, como a nós que um dia desejamos regressar em definitivo, são taxas exageradas e desproporcionais a quem nunca contribuiu e nada fez pelo nosso bem-estar. Seria aceitável Portugal encontrar uma taxa que fosse ao encontro do que as pessoas pagariam nos países de acolhimento.

- Mas existe um decreto-lei que isenta os portugueses por um período de 10 anos?
Manuel Beja – Conheço essa lei, sei que existe, mas, no entanto, essa lei não é clara e não é totalmente abrangente e precisa. E não é clara que se fique totalmente isento de impostos. Tem de haver uma política clara e um decreto que vá direcionado apenas para os portugueses que viveram e recebam reformas de um outro estado-membro, o que não é o caso. No meu caso, com a minha reforma, eu pagaria uma taxa fiscal de 45% em Portugal. Na Suíça pago 11%. Na minha situação existem milhares de portugueses, não só os que trabalharam na Suíça, como aqueles da França, Alemanha, Luxemburgo e todos os demais.

- Não será que se vive uma certa hipocrisia quando se evoca a política da saudade, do investimento e, quando é para esclarecer e clarificar uma situação, ninguém faz nada?
Manuel Beja – Sabes, o problema é que o Estado não tem interesse em nos ouvir. Este problema já foi levantado há muitos anos, e até à data ninguém nos quis ouvir. Nem querem. Sabes, eles evocam que todos os portugueses têm de estar em pé de igualdade. Acho muito bem. Mas a verdade é que estou fora de Portugal há mais de 40 anos e, se passar a minha morada fiscal para lá, mais de um 1/3 da minha reforma vai para os cofres de Portugal, tirando-me capacidade e alguma dignidade a uma qualidade de vida para qual eu trabalhei num outro Estado, e que Portugal nunca contribuiu. Como tal, seria mais justo encontrar uma taxa que fosse ao encontro do que se paga no país de acolhimento. Eu investi algo em Portugal, mas muitos portugueses investiram todo o seu suor na sua terra. E agora? Proporcionaram riqueza, proporcionaram bem-estar pelos seus investimentos, muitos até substituíram o Estado português ao ajudarem os seus familiares, e agora? Se recebes 3 mil, tens de deixar mil aos cofres do Estado. Com este decreto-lei em vigor não vamos a lado nenhum.




Lusolivro - foto de arquivo

- Nunca a comunidade atingiu os números atuais, somos perto de 280 mil na Suíça. Como vês esta evolução?
Manuel Beja – Apesar da livre circulação de pessoas, a verdade é que sinto a comunidade muito mais insegura do que antes. No estatuto sazonal, sabíamos que era um estatuto discriminatório, tinhas as suas regras, mas sabíamos com o que poderíamos contar, neste momento estamos a viver uma insegurança, porque muitas das pessoas vivem na precariedade dos trabalhos a prazo e na dificuldade em encontrar o alojamento, que muitos por vezes não podem pagar, porque não têm um posto de trabalho estável. Depois, os ditos trabalhos à hora, em que os patrões se servem da disponibilidade destas pessoas, que ficam reféns de as chamaram ou não. Estou a falar do setor das limpezas, como exemplo. Existem outros. Como tal, existe uma precariedade e sei que muitas pessoas vivem com extrema dificuldade, até porque o preço dos alojamentos, o aluguer das casas, estão por preços exorbitantes, depois ainda se tem de somar o seguro médico. Sei que muitos portugueses não estão a ter uma vida fácil na Suíça. Tudo isto é um problema acrescido para uma plena integração das famílias portuguesas na Suíça. Também é verdade que a comunidade não se mobiliza como há uns anos. Por muito que se possa apontar o dedo aos Sindicatos, falo de todos os Sindicatos, as pessoas devem acreditar no trabalho destes, porque se muito foi conseguido nos últimos anos, estou a falar, por exemplo, no setor da hotelaria, da construção, este último com a reforma antecipada, aos 60 anos, uma grande vitória sindical, o setor das limpezas que tem agora um contrato coletivo, fraco, mas existe uma base de trabalho, tudo isso foi conseguido com o movimento Sindical. Se as pessoas que chegam agora à Suíça encontram algumas regras e benefícios, mas claro está que muito ainda se pode fazer, foi graças aos Sindicatos, e muitas delas agora afastam-se, o que é uma pena e uma injustiça pelo trabalho realizado. Claro que sei que há falhas, mas temos de ver o que de bom foi conseguido graças ao trabalho Sindical. E uma base de apoio e de mobilização passa pelos Sindicatos.

- E o movimento Associativo?
Manuel Beja – Está moribundo e em fase de desaparecer. Esta é a realidade. Muito poucas coletividades respeitam os valores associativos. Futuro? Não creio que exista um futuro para o movimento associativo. O que vai existir são grupos de interesses privados.


NOTA BREVE:
Manuel Beja esteve presente no lançamento dos meus livros `Quelhas´: “O Livro da Criança e Terra das Marias da Fonte”. Esteve ainda nos Serões Culturais. Tivemos alguns encontros no qual reunimos para falar sobre a Comunidade. Participou algumas vezes na Revista Repórter X.
(Já conhecia o Manuel Beja, mesmo antes de emigrar para a Suíça).
Em agradecimento fiz-lhe um Blogue, que agora vou tentar remodelar em honra de Manuel Beja, homem, que fica para a história da Comunidade Portuguesa na Suíça.

“Divulgar a língua e cultura portuguesa fora de Portugal é sempre de louvar.
É bom que os nossos escritores se aproximem mais das comunidades.
Esse elo de ligação deseja-se se queremos colocar a nossa língua no plano que ela merece estar no mundo.
Obrigado João Carlos Veloso por esta passagem em Zurique.

Manuel Beja – Conselheiro das comunidades portuguesas na Suíça
Zurique O8-12-2007”